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domingo, 22 de fevereiro de 2015

CINE PADARIA - Cine Paraíso

A propósito do filme do dia 23 /2  "Cine Paraíso", o CINE PADARIA  achou interessante publicar um  capítulo de um trabalho sobre este filme intitulado - Cinema e TV -  realizado por António Jorge Serra e José Carlos Boto, da Faculdade de Ciências Departamento  de Educação. 
www.educ.fc.ul.pt
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Cinema Paraíso 


 CINEMA E T.V

A memória do Cinema Paraíso abrange de modo óbvio o passado glorioso do cinema muitas vezes designado por cinema clássico. Cinema que se reporta à grande produção industrial da primeira metade deste século associado aos estúdios de Hollywood e, em particular, da Cinecitá Italiana. De facto, o tema do cinema como um "paraíso" distante e irrepetível atravessa como um fantasma o cinema italiano dos anos oitenta (basta recordar o exemplo esclarecedor de Ginger e Fred de Federico Fellini de1986). E não é por acaso que isso acontece no contexto europeu. É que, ao longo dos anos oitenta, a indústria cinematográfica italiana foi uma das mais penalizadas pelo "boom" das televisões e pela simultânea desertificação das salas de cinema. É esta a explicação adiantada no filme para a demolição da sala do velho "Novo Cinema Paraíso": a sua decadência face à T.V.. Se é um facto que a T.V. permite uma veículação de informação muito rápida e acessível ao grande público, também é verdade que ela abre a possibilidade da falta de controlo da qualidade de informação. Enquanto que o filme é uma obra assinada, acabada, uma totalidade significante, a T.V. oferece produtos anónimos e fragmentários. A responsabilidade é diluída pelos diferentes agentes que estão implicados numa emissão televisiva. As consequências são visíveis e devastadoras. Ninguém que hoje se importe com as questões da educação pode deixar de estar atento a este veículo poderosíssimo de transmissão de informação e valores que é a televisão (o pequeno ecrã). A cena de Alfredo projectando ao ar livre pode, neste contexto, ilustrar um grito de alerta. Como se, a partir desse gesto inaugural, o ecrã não tivesse nunca mais sido encolhido mas, ao contrário, tivesse crescido sempre. Até ficar do tamanho das estrelas que nele eram projectadas e até que já nenhum personagem pudesse ser responsabilizado (e punido, como Alfredeo foi) pelo sentido desse gesto Paradoxalmente ou não, talvez por essa razão se possa explicar que o filme Cinema Paraíso tenha acabado por se tornar num dos títulos da produção 

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