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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Artigo do CINE PADARIA, sobre o fIlme JOHNNY GUITAR


«Este filme teve mais importância na minha vida do que na vida de Nicholas Ray.»

Era assim que François Truffaut via Johnny Guitar. Ele e muitos outros, como João Bénard da Costa – que, tal como João d’Ávila, elegeu esta obra de Nick Ray como o filme da sua vida.
Que razões levaram tanta gente ilustre a admirar um clássico que é vulgarmente encaixado no género western, mas que foi muitas outras coisas, entre as quais um filme verdadeiramente inovador para a época?

João Bénard da Costa, numa das crónicas que escreveu para O Independente - justamente sob “sob os títulos “Os Filmes da Minha Vida” e “Os Meus Filmes da Vida” -, adianta-nos as razões que o próprio Ray apontou para o culto em torno de Johnny Guitar. Segundo ele, “1) foi a primeira vez, num western, que as mulheres foram simultaneamente as principais protagonistas e as principais antagonistas; 2) é um filme cheio de luz e calor. Opunha-se ao estilo do “cinema negro” que predominava nessa época; 3) é um filme em que a cor é valorizada, devido a uma hábil estrutura arquitetônica; 4) foi o primeiro filme a utilizar a cor em toda a sua potencialidade; 5) utilizou o décor e a paisagem para potencializar ao máximo a imagem.”

Realizado em 1954, numa altura em que o western já se encontrava na fase da maioridade, é interessante constatar que apesar de ser muito diferente dos clássicos de John Ford, Howard Hawks ou Raoul Walsh, o filme foi bastante bem aceite pelo público da época. No entanto só se tornaria um cult movie quando chegou à Europa e esteve na origem de alguns dos textos mais apaixonados que os críticos/cineastas  da Nouvelle Vague viriam a produzir.
Muito se poderia escrever sobre o filme que abre este ciclo. Mas nada melhor do que terminar novamente com uma citação. Sem surpresa, voltando ao incontornável João Bénard da Costa.

“Como as coisas muito grandes, Johnny Guitar não se explica. Conta-se (vê-se) outra, outra e outra vez”.


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